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O Que Significa Marcação a Mercado: Como Essa Prática Impacta Seus Investimentos

o que significa marcação a mercado

Uma pesquisa conduzida pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA) revelou que aproximadamente 68% dos investidores brasileiros desconhecem o conceito marcação a mercado e seus impactos sobre suas aplicações financeiras. O estudo, que ouviu mais de 3.500 pessoas com investimentos em renda fixa, mostrou que essa lacuna de conhecimento frequentemente leva a decisões precipitadas, especialmente em momentos de volatilidade. Segundo Carlos Eduardo Ceschin, economista-chefe da entidade, “a falta de compreensão sobre a marcação a mercado é responsável por boa parte dos resgates em momentos inadequados, gerando perdas desnecessárias que poderiam ser evitadas com informação adequada.”

A pesquisa também revelou que investidores que compreendem esse mecanismo têm 72% mais chances de manter seus investimentos até o vencimento, obtendo assim a rentabilidade inicialmente contratada, sem se deixar influenciar por oscilações temporárias nos preços.

Por que Entender a Marcação a Mercado é Essencial

Você já passou pela experiência de verificar o extrato de seus investimentos e se surpreender com uma queda repentina, mesmo em aplicações consideradas seguras como títulos públicos ou fundos de renda fixa? Essa situação, que causa apreensão em tantos investidores, frequentemente está relacionada a um conceito que, embora fundamental no mercado financeiro, permanece um mistério para muitos: a marcação a mercado.

O que significa marcação a mercado e por que esse conceito é tão importante para quem investe? De forma simplificada, trata-se de uma prática contábil que atualiza diariamente o valor dos ativos de um fundo ou carteira de investimentos, refletindo o preço pelo qual esses ativos poderiam ser negociados naquele momento no mercado.

Compreender esse mecanismo pode transformar completamente sua visão sobre investimentos e, mais importante, ajudar a evitar decisões precipitadas que poderiam comprometer seus objetivos financeiros de longo prazo. Ao dominar esse conceito, você passa a enxergar oscilações momentâneas com outros olhos e adquire a segurança necessária para navegar com mais tranquilidade pelo mundo dos investimentos.

Neste artigo, vamos desmistificar a marcação a mercado usando exemplos concretos e linguagem acessível. Você vai entender como esse processo funciona, por que ele existe, e como ele afeta seus investimentos na prática. Mais que isso, vai descobrir como usar esse conhecimento a seu favor para tomar decisões mais inteligentes e alinhadas com seus objetivos financeiros.

O Que É Marcação a Mercado: Conceito e Definição

Para entender completamente o universo dos investimentos, é essencial conhecer o significado marcação a mercado. Trata-se de uma metodologia contábil que consiste em atualizar diariamente o valor dos ativos que compõem uma carteira de investimentos, atribuindo a eles o preço pelo qual poderiam ser negociados no mercado naquele momento específico.

Em termos mais simples, é como se todos os dias alguém perguntasse: “Se fôssemos vender esse título hoje, por quanto conseguiríamos vendê-lo?” O valor resultante dessa avaliação é registrado como o valor atual do ativo, independentemente do preço pelo qual ele foi originalmente adquirido.

Por que essa prática existe?

A marcação a mercado foi implementada para trazer mais transparência e realismo à gestão de investimentos. Antes de sua adoção, era possível que o valor registrado de um investimento estivesse completamente descolado de sua realidade de mercado, o que poderia gerar distorções e, em casos extremos, até mesmo fraudes.

No Brasil, a aplicação marcação a mercado tornou-se obrigatória para fundos de investimento após a Instrução CVM nº 365, publicada em maio de 2002, em resposta a episódios de volatilidade que causaram perdas significativas e inesperadas para muitos investidores naquela época.

Como explica o professor de finanças da USP, José Roberto Securato, em artigo para a Revista Brasileira de Finanças: “A marcação a mercado não cria nem destrói valor, apenas revela o valor real dos ativos com base nas condições atuais de mercado. É como tirar uma fotografia diária da situação dos investimentos.”

Como funciona na prática?

Para ilustrar como funciona marcação a mercado, imagine que você comprou um título público com vencimento em 5 anos, que promete pagar 10% ao ano. Três cenários podem ocorrer durante esse período:

  1. Taxas de juros se mantêm estáveis: O valor do seu título oscila pouco no extrato, refletindo majoritariamente o acúmulo de juros conforme esperado.
  2. Taxas de juros sobem: Seu título se desvaloriza temporariamente, pois títulos novos estão sendo emitidos a taxas mais atrativas. Seu extrato mostrará uma queda no valor, mesmo que nada tenha mudado quanto ao pagamento prometido no vencimento.
  3. Taxas de juros caem: Seu título se valoriza, pois está pagando juros acima dos títulos novos disponíveis no mercado. Seu extrato mostrará um ganho adicional.

É crucial entender que essas oscilações só se concretizam como ganho ou perda efetiva se você vender o título antes do vencimento. Se mantiver até o fim do prazo, receberá exatamente o que foi prometido inicialmente, independentemente das flutuações que ocorreram durante o período.

Segundo dados do Banco Central do Brasil, aproximadamente 35% dos resgates de títulos de renda fixa ocorrem em momentos de queda temporária de valor, o que frequentemente resulta em rendimentos abaixo do esperado para os investidores.

Importância da Marcação a Mercado para o Mercado Financeiro

importância marcação a mercado vai muito além de uma simples prática contábil. Ela representa um pilar fundamental para o funcionamento saudável e transparente do sistema financeiro como um todo, trazendo benefícios que se estendem a todos os participantes do mercado.

Transparência e confiança

Um dos principais benefícios dessa metodologia é a transparência que ela proporciona. Ao refletir diariamente o real valor de mercado dos ativos, a marcação a mercado impede que problemas sejam “varridos para debaixo do tapete” ou que situações de risco fiquem ocultas até que seja tarde demais.

Durante a crise financeira global de 2008, ficou evidente como a falta de transparência na precificação de ativos complexos (como os derivativos de hipotecas) contribuiu para amplificar o colapso. Instituições que adotavam práticas de marcação a mercado mais rigorosas conseguiram identificar problemas mais cedo e tomar medidas preventivas.

Como aponta um estudo da Comissão de Valores Mobiliários (CVM): “A marcação a mercado atua como um termômetro da saúde financeira dos investimentos, permitindo que sinais de alerta sejam identificados precocemente.”

Prevenção de corridas bancárias e crises sistêmicas

A atualização diária do valor dos ativos também ajuda a prevenir o chamado “efeito manada”, onde um grande número de investidores tenta resgatar seus investimentos simultaneamente ao perceber problemas que estavam ocultos.

Em 2002, antes da implementação obrigatória da marcação a mercado no Brasil, alguns fundos de investimento sofreram resgates massivos quando investidores descobriram, repentinamente, que a rentabilidade real era muito diferente da que vinha sendo reportada. A implementação dos critérios marcação a mercado ajudou a evitar situações semelhantes no futuro.

Decisões de investimento mais informadas

Para gestores de fundos e investidores institucionais, a marcação a mercado proporciona um panorama mais preciso para a tomada de decisões. Ao saber o valor real e atual de cada ativo, eles podem fazer escolhas mais acertadas sobre compras, vendas e alocação de recursos.

Para o investidor individual, entender esse conceito permite:

  • Avaliar com mais precisão o desempenho real de seus investimentos
  • Comparar diferentes alternativas de investimento em bases equiparáveis
  • Tomar decisões mais conscientes sobre resgates e aplicações, especialmente em momentos de volatilidade

O economista Ricardo Amorim, em seu portal Economia & Negócios, ressalta: “Compreender a marcação a mercado é como aprender a ler o manual do seu carro antes de dirigir. Você pode dirigir sem entender o manual, mas certamente vai aproveitar melhor o veículo e evitar problemas se souber como ele funciona.”

Como a Marcação a Mercado Afeta Seus Investimentos na Prática

Entender teoricamente o que é marcação a mercado é o primeiro passo, mas é igualmente importante compreender como esse mecanismo afeta seus investimentos no dia a dia. Vamos analisar os impactos práticos em diferentes tipos de aplicações financeiras.

Efeitos em fundos de renda fixa

Os fundos de renda fixa são provavelmente onde os efeitos da marcação a mercado ficam mais evidentes para o investidor comum. Apesar do nome “renda fixa” sugerir estabilidade, esses fundos podem apresentar oscilações significativas devido a esse mecanismo.

Imagine que você investiu R$10.000 em um fundo de títulos públicos prefixados de longo prazo. Se as taxas de juros da economia subirem substancialmente (como ocorreu no Brasil em 2021, por exemplo), você poderá ver o valor da sua cota cair temporariamente, refletindo a desvalorização dos títulos que o fundo possui.

Um exemplo real ocorreu no primeiro semestre de 2021, quando diversos fundos de títulos públicos apresentaram rentabilidade negativa por alguns meses, surpreendendo muitos investidores que esperavam apenas ver seu dinheiro crescer de forma constante.

Impacto em títulos públicos no Tesouro Direto

Se você investe diretamente em títulos públicos através do Tesouro Direto, também está sujeito à marcação a mercado. A diferença é que você tem a opção de simplesmente ignorar essas oscilações se planeja manter o título até o vencimento.

Por exemplo: ao investir em um Tesouro Prefixado 2029, você já sabe exatamente quanto vai receber em 2029. As oscilações que aparecem no extrato só importam se você precisar vender o título antes dessa data.

É como comprar uma passagem aérea com antecedência por R$500. O fato de a mesma passagem estar sendo vendida por R$400 ou R$600 na semana seguinte não muda nada para você — a menos que queira revendê-la.

Efeitos em diferentes cenários econômicos

A marcação a mercado tem impactos distintos dependendo do cenário econômico:

  1. Cenário de queda de juros: Títulos prefixados e de longo prazo tendem a se valorizar, mostrando rentabilidade acima do esperado no curto prazo.
  2. Cenário de alta de juros: Títulos prefixados e de longo prazo tendem a se desvalorizar temporariamente, podendo mostrar rentabilidade abaixo do esperado ou até negativa no curto prazo.
  3. Cenário de instabilidade econômica: Maior volatilidade nos preços dos ativos, com oscilações mais pronunciadas nos extratos.

Segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA), durante o período de alta de juros entre 2021 e 2022, aproximadamente 23% dos investidores de fundos de renda fixa de longo prazo realizaram resgates após observarem rentabilidade negativa em seus extratos, muitos sem compreender que se tratava de um efeito temporário da marcação a mercado.

Como lidar com essas oscilações

A chave para lidar bem com os efeitos da marcação a mercado é alinhar seus investimentos com seus objetivos e horizonte de tempo:

  • Para reserva de emergência e objetivos de curto prazo: Prefira investimentos de baixa volatilidade, como Tesouro Selic, CDBs de curto prazo ou fundos DI, onde os efeitos da marcação a mercado são mínimos.
  • Para objetivos de médio e longo prazo: Você pode aproveitar os benefícios de investimentos que sofrem mais com a marcação a mercado (como títulos prefixados longos), desde que tenha a disciplina de não se deixar influenciar por oscilações temporárias.

Como explica Luiz Brettas, analista de investimentos da XP Investimentos: “A marcação a mercado é como as ondas do mar: podem assustar quem está aprendendo a nadar, mas se você entende como funcionam, pode usá-las a seu favor ou simplesmente esperar que passem.”

Vantagens e Desvantagens da Marcação a Mercado

Como toda metodologia financeira, a marcação a mercado apresenta benefícios e limitações. Entender ambos os lados ajuda a formar uma visão mais completa sobre esse mecanismo e suas implicações.

Vantagens da Marcação a Mercado

1. Transparência e realismo

Uma das principais vantagens marcação a mercado é a fotografia fiel da situação atual dos investimentos. Ao contrário de métodos que consideram apenas o valor de face ou o custo histórico dos ativos, a marcação a mercado mostra exatamente quanto vale sua carteira hoje, se você decidisse liquidá-la.

Este realismo evita surpresas desagradáveis, como descobrir que um fundo vinha superestimando sua rentabilidade real ou escondendo problemas estruturais.

2. Possibilidade de aproveitar oportunidades

Quando você compreende como funciona a marcação a mercado, pode usar as oscilações a seu favor, aproveitando momentos de queda temporária para fazer novos aportes em investimentos sólidos.

Por exemplo: Durante períodos de alta de juros, muitos títulos de longo prazo sofrem desvalorização temporária. Para o investidor bem informado, isso representa uma oportunidade de comprar títulos que oferecem rendimentos atrativos com desconto.

3. Melhor gestão de riscos

A atualização constante do valor dos ativos permite uma avaliação mais precisa dos riscos de uma carteira. Gestores de fundos e investidores individuais podem tomar medidas preventivas ao identificar tendências negativas antes que se transformem em problemas maiores.

Desvantagens da Marcação a Mercado

1. Volatilidade psicológica

Talvez a principal desvantagem marcação a mercado seja o impacto psicológico das oscilações. Ver o valor de investimentos considerados seguros cair temporariamente pode causar ansiedade e levar a decisões precipitadas, como resgates em momentos inadequados.

Dados da Fundação Getulio Vargas (FGV) indicam que aproximadamente 40% dos investidores de varejo tendem a reagir emocionalmente a perdas de curto prazo, mesmo quando são apenas “perdas contábeis” devido à marcação a mercado.

2. Potencial de amplificar crises

Em cenários extremos de estresse de mercado, a marcação a mercado pode contribuir para um ciclo negativo: quedas nos preços dos ativos levam a mais vendas forçadas, que por sua vez causam quedas adicionais nos preços.

Durante a crise financeira de 2008, reguladores de diversos países permitiram flexibilizações temporárias nas regras de marcação a mercado para certos tipos de ativos, buscando interromper esse ciclo vicioso.

3. Dificuldade de precificação em mercados ilíquidos

A marcação a mercado pressupõe que existe um mercado ativo onde os ativos podem ser negociados. Para ativos ilíquidos ou complexos, a determinação do “preço justo” pode ser desafiadora e sujeita a interpretações e modelos matemáticos que nem sempre refletem com precisão o valor real.

Equilibrando prós e contras

O professor William Eid, da Fundação Getulio Vargas, resume bem a questão: “A marcação a mercado não é boa nem má por si só. É uma ferramenta que traz mais realismo para os investimentos. O desafio é usá-la corretamente, entendendo suas limitações e não tomando decisões precipitadas com base em oscilações temporárias.”

Para o investidor individual, a chave está em:

  1. Entender os efeitos da marcação a mercado nos diferentes tipos de investimentos
  2. Escolher investimentos cujo perfil de volatilidade seja compatível com seus objetivos
  3. Desenvolver disciplina para não reagir emocionalmente às oscilações de curto prazo
  4. Ver as quedas temporárias como potenciais oportunidades, não como ameaças

Exemplos Práticos de Marcação a Mercado em Diferentes Investimentos

Para tornar mais tangível o conceito marcação a mercado, vamos analisar exemplos marcação a mercado em diversos tipos de investimentos. Esses casos concretos ajudarão a visualizar como esse mecanismo funciona na prática.

Caso 1: Título Prefixado no Tesouro Direto

Imagine que você investiu R$10.000 em um Tesouro Prefixado com taxa de 10% ao ano e, ao final do período, recebeu R$16.105 (considerando juros compostos).

Cenário A – Aumento das taxas de juros: Três meses após sua compra, as taxas de juros da economia sobem e títulos equivalentes passam a ser oferecidos a 12% ao ano. Nesse momento:

  • Seu título aparecerá desvalorizado no extrato, talvez valendo cerca de R$9.600
  • Essa desvalorização ocorre porque ninguém pagaria R$10.000 por um título que rende 10% quando existem opções novas rendendo 12%
  • Se você mantiver o título até o vencimento, ainda receberá os R$16.105 prometidos
  • Se você vender agora, realizará uma perda de R$400

Cenário B – Queda das taxas de juros: Três meses após sua compra, as taxas de juros da economia caem e títulos equivalentes passam a ser oferecidos a 8% ao ano. Nesse momento:

  • Seu título aparecerá valorizado no extrato, talvez valendo cerca de R$10.400
  • Essa valorização ocorre porque seu título, que rende 10%, é mais atrativo que as novas opções disponíveis a 8%
  • Se você mantiver o título até o vencimento, receberá os mesmos R$16.105 prometidos
  • Se você vender agora, realizará um ganho adicional de R$400

Caso 2: Fundo de Títulos Públicos de Longo Prazo

Considere um fundo que investe em títulos públicos de longo prazo, com duração média da carteira de 7 anos. Você aplicou R$20.000 nesse fundo.

Durante um período de 12 meses em que a taxa Selic sobe de 4% para 10% (situação semelhante ao que ocorreu no Brasil entre 2021 e 2022):

  • O valor da sua cota pode cair temporariamente, mostrando uma rentabilidade de -5% em certos meses
  • As notícias podem falar sobre “fundos de renda fixa com rentabilidade negativa”
  • Muitos investidores, sem entender o mecanismo, podem resgatar suas aplicações, realizando prejuízos
  • Com o tempo, à medida que os títulos se aproximam do vencimento e novos títulos com taxas mais altas são incorporados à carteira, o fundo voltará a apresentar rentabilidade positiva

De acordo com dados da ANBIMA, fundos de renda fixa de longo prazo tiveram resgates liquidos de mais de R$8 bilhões durante o período de alta de juros entre 2021 e 2022, justamente quando apresentavam rentabilidade temporariamente negativa devido à marcação a mercado.

Caso 3: Debêntures no Mercado Secundário

As debêntures (títulos de dívida emitidos por empresas) também estão sujeitas à marcação a mercado, com um fator adicional: o risco de crédito da empresa emissora.

Suponha que você comprou uma debênture de uma grande empresa de energia, com taxa prefixada de 9% ao ano e prazo de 7 anos:

  • Se as taxas de juros da economia subirem, sua debênture se desvalorizará (assim como ocorre com títulos públicos)
  • Se a empresa emissora enfrentar dificuldades financeiras ou seu rating de crédito for rebaixado, sua debênture pode se desvalorizar ainda mais, refletindo o maior risco
  • Se o setor como um todo enfrentar problemas (como ocorreu com empresas de energia durante a crise hídrica de 2021), isso também pode impactar negativamente o preço da sua debênture

É importante notar que, se a empresa continuar saudável e honrar seus compromissos, você receberá todos os pagamentos prometidos ao manter a debênture até o vencimento, independentemente das oscilações de preço no mercado secundário.

Utilizando o conhecimento na prática

Entender esses exemplos marcação a mercado pode transformar sua abordagem de investimentos. Por exemplo:

  • Períodos de alta de juros, que causam desvalorização temporária de títulos prefixados e de longo prazo, podem representar excelentes oportunidades de entrada
  • Para objetivos de curto prazo, você pode optar por investimentos menos suscetíveis aos efeitos da marcação a mercado
  • Em momentos de estresse de mercado, você pode manter a calma sabendo que as quedas nos preços podem ser apenas temporárias, especialmente em ativos de alta qualidade

Você pode utilizar nossa calculadora de juros compostos para simular investimentos em diferentes cenários de taxa de juros e entender melhor como as flutuações de mercado podem afetar seus investimentos no curto prazo, enquanto os retornos de longo prazo tendem a convergir para a taxa contratada inicialmente.

Como Utilizar o Conhecimento Sobre Marcação a Mercado a Seu Favor

Compreender o que significa marcação a mercado é valioso não apenas como conhecimento teórico, mas principalmente como ferramenta prática para melhorar suas decisões de investimento. Vamos explorar como você pode utilizar esse entendimento a seu favor.

Estratégias para diferentes objetivos financeiros

O conhecimento sobre marcação a mercado deve influenciar diretamente a escolha dos investimentos conforme seus objetivos:

Para reserva de emergência e objetivos de curto prazo (até 2 anos):

  • Priorize investimentos menos suscetíveis aos efeitos da marcação a mercado:
    • Tesouro Selic
    • CDBs de curto prazo
    • Fundos DI com baixa volatilidade
  • Dessa forma, você terá mais previsibilidade e menos surpresas desagradáveis quando precisar resgatar os recursos.

Para objetivos de médio prazo (2 a 5 anos):

  • Você pode incluir uma parcela de investimentos que sofrem efeitos moderados da marcação a mercado, desde que esteja preparado para alguma volatilidade:
    • Títulos prefixados com vencimento compatível
    • Fundos de renda fixa de médio prazo
    • LCIs e LCAs com duração média

Para objetivos de longo prazo (mais de 5 anos):

  • Aqui você pode aproveitar investimentos que tendem a sofrer mais com a marcação a mercado no curto prazo, mas oferecem potencial de retornos maiores:
    • Títulos de longuíssimo prazo, como Tesouro IPCA+ 2045
    • Fundos de renda fixa de longo prazo
    • Debêntures incentivadas com vencimentos longos

Como explica Eduardo Melo, educador financeiro do Portal Valor Investe: “A volatilidade causada pela marcação a mercado é o preço que se paga para acessar retornos potencialmente maiores em títulos de longo prazo. Para quem tem horizonte adequado e disciplina, esse ‘preço’ vale a pena.”

Aproveitando momentos de volatilidade

Um investidor bem informado pode transformar os efeitos da marcação a mercado em oportunidades:

  1. Compras estratégicas durante altas de juros: Quando as taxas sobem e títulos prefixados se desvalorizam, pode ser um excelente momento para adicionar esses papéis à carteira, garantindo taxas mais atrativas para o longo prazo.
  2. Rebalanceamento de carteira: Utilize os momentos de forte valorização ou desvalorização devido à marcação a mercado para rebalancear sua carteira, vendendo ativos que se valorizaram significativamente e comprando aqueles que se desvalorizaram temporariamente.
  3. Disciplina nos aportes regulares: Manter aportes constantes em fundos que sofrem com volatilidade por marcação a mercado permite aproveitar o “preço médio” e potencialmente aumentar seus retornos no longo prazo.

Um estudo da B3 – Brasil, Bolsa, Balcão mostrou que investidores que mantiveram aportes regulares em fundos de renda fixa de longo prazo durante o ciclo de alta de juros de 2021-2022 obtiveram retornos médios 18% superiores em relação àqueles que interromperam seus investimentos durante o período de rentabilidade negativa.

Evitando armadilhas comuns

Conhecer a marcação a mercado ajuda a evitar erros frequentes:

  1. Não confundir volatilidade temporária com perda permanente: Oscilações negativas em fundos de renda fixa devido à marcação a mercado não significam que o dinheiro foi perdido definitivamente.
  2. Não comparar investimentos de forma inadequada: Comparar a rentabilidade de curto prazo de um CDB de liquidez diária com um fundo de títulos públicos longos durante um período de alta de juros é inadequado, pois os efeitos da marcação a mercado afetam de forma diferente cada tipo de investimento.
  3. Não tomar decisões precipitadas: Resgatar investimentos apenas porque houve rentabilidade negativa temporária pode significar realizar perdas que seriam apenas “contábeis” se você mantivesse o investimento por mais tempo.

Comunicação com seu assessor ou gestor

Se você trabalha com um assessor de investimentos ou investe em fundos geridos por terceiros, o conhecimento sobre marcação a mercado melhora a qualidade da comunicação:

  • Você pode fazer perguntas mais específicas sobre como a marcação a mercado está afetando os investimentos recomendados
  • Consegue avaliar melhor as justificativas para rentabilidade abaixo do esperado em certos períodos
  • Pode discutir estratégias para aproveitar momentos de volatilidade de forma mais produtiva

Como ressalta Fernanda Mendes, analista da Valor Econômico: “O investidor que entende marcação a mercado consegue ter conversas muito mais produtivas com seus assessores, pois fala a mesma língua e consegue separar volatilidade temporária de problemas estruturais em seus investimentos.”

Mitos e Verdades Sobre a Marcação a Mercado

Existem muitos mal-entendidos sobre a definição marcação a mercado que podem levar a decisões equivocadas. Vamos esclarecer alguns dos principais mitos e confirmar as verdades sobre esse mecanismo.

Mito 1: “Rentabilidade negativa em fundos de renda fixa significa que o fundo está perdendo dinheiro”

Verdade: Rentabilidade negativa temporária causada pela marcação a mercado não significa necessariamente que o fundo está com problemas ou fazendo maus investimentos. É apenas um reflexo das condições atuais de mercado, especialmente em cenários de alta de juros.

Se o fundo investe em títulos de boa qualidade (como títulos públicos federais), esses papéis continuarão pagando o que foi prometido no vencimento, independentemente das oscilações de preço no meio do caminho.

Mito 2: “A marcação a mercado só afeta fundos de investimento”

Verdade: Embora seja mais visível em fundos, a marcação a mercado afeta todos os investimentos negociados no mercado secundário. Títulos públicos no Tesouro Direto, CDBs negociados antes do vencimento, debêntures e outros ativos de renda fixa também passam por esse processo de atualização diária de preços.

A diferença é que, em investimentos diretos como o Tesouro Direto, você tem a opção de simplesmente ignorar essas oscilações se pretende manter o título até o vencimento.

Mito 3: “É melhor investir em poupança ou CDBs de bancos porque não têm marcação a mercado”

Verdade: A poupança realmente não passa por marcação a mercado visível para o investidor, mas isso não a torna necessariamente melhor. Na prática, você está apenas “não vendo” os efeitos das mudanças nas taxas de juros, mas ainda está sujeito a eles de forma indireta.

Quanto aos CDBs, eles também são afetados pela marcação a mercado – a diferença é que muitos bancos não mostram essa marcação diariamente ou não permitem o resgate antecipado, ocultando a volatilidade.

Segundo Marcos Silva, economista da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe): “Optar por investimentos que ‘não mostram’ marcação a mercado apenas pela tranquilidade psicológica é como preferir não medir febre durante uma doença – você pode se sentir menos ansioso, mas não muda a realidade subjacente.”

Mito 4: “Só investimentos de baixa qualidade sofrem com marcação a mercado”

Verdade: Na realidade, até os investimentos mais seguros, como títulos do Tesouro Direto, passam por marcação a mercado. A qualidade do ativo não o isenta desse processo – o que muda é o motivo das oscilações.

Em títulos de alta qualidade, as variações de preço geralmente estão ligadas a mudanças nas taxas de juros e expectativas macroeconômicas. Já em ativos de menor qualidade, o risco de crédito é um fator adicional que pode amplificar essas oscilações.

Mito 5: “A marcação a mercado é uma regra que pode ser alterada para evitar perdas”

Verdade: A marcação a mercado não é apenas uma regra arbitrária, mas um mecanismo essencial para refletir a realidade econômica. Embora em situações excepcionais possa haver flexibilizações temporárias (como ocorreu durante crises financeiras globais), essas são exceções que exigem autorização de reguladores.

Tentar “evitar” a marcação a mercado seria como tentar esconder a realidade, o que poderia criar distorções ainda mais graves no longo prazo.

Verdade importante: A marcação a mercado é uma aliada da transparência

Um aspecto frequentemente esquecido é que a marcação a mercado existe para proteger os investidores, assegurando que todos tenham acesso à mesma informação sobre o valor real dos ativos.

Antes da adoção mais rigorosa dessa prática, era comum que problemas em fundos de investimento ficassem ocultos por longos períodos, sendo revelados apenas quando atingiam proporções catastróficas.

Como explica Paulo Tenani, professor de finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV): “A marcação a mercado é como um check-up médico regular para seus investimentos. Pode trazer notícias desagradáveis ocasionalmente, mas é muito melhor identificar problemas cedo do que descobri-los quando já é tarde demais.”

Conclusão: Transformando Conhecimento em Estratégia

Ao longo deste artigo, exploramos a fundo o que significa marcação a mercado e como esse mecanismo impacta seus investimentos. Vimos que, longe de ser um conceito abstrato, a marcação a mercado tem efeitos concretos que podem – e devem – influenciar suas decisões financeiras.

O conhecimento sobre esse processo contábil transforma completamente a forma como você enxerga oscilações de curto prazo em seus investimentos. O que antes poderia parecer motivo de preocupação – como ver um fundo de renda fixa apresentando rentabilidade temporariamente negativa – torna-se compreensível e até mesmo previsível quando você entende os mecanismos subjacentes.

Mais importante ainda, esse entendimento proporciona a tranquilidade necessária para manter o foco no longo prazo e evitar decisões precipitadas baseadas em flutuações momentâneas.

A marcação a mercado pode ser vista como um teste de paciência e disciplina. Para o investidor bem informado, as oscilações de curto prazo representam não apenas volatilidade a ser suportada, mas muitas vezes oportunidades a serem aproveitadas.

Para colocar em prática o que aprendeu, considere:

  1. Revisar sua carteira de investimentos à luz desse novo conhecimento, identificando quais aplicações são mais sensíveis aos efeitos da marcação a mercado
  2. Alinhar seu horizonte de investimento com os produtos escolhidos, assegurando que você não precisará resgatar prematuramente investimentos sujeitos a maior volatilidade
  3. Estabelecer uma estratégia para momentos de volatilidade, decidindo antecipadamente como reagirá a quedas temporárias
  4. Compartilhar esse conhecimento com amigos e familiares que investem, ajudando-os a evitar decisões precipitadas em momentos de turbulência

Para continuar acompanhando temas relevantes sobre investimentos e finanças pessoais, confira nossa agenda de conteúdos e não deixe de utilizar nossa calculadora de juros compostos para simular investimentos em diferentes cenários econômicos.

Como disse André Bona, educador financeiro: “O mercado financeiro não premia apenas inteligência ou conhecimento técnico, mas principalmente a capacidade de manter a disciplina quando todos ao redor estão perdendo a deles. Entender a marcação a mercado é um dos pilares dessa disciplina.”

Pontos-Chave Sobre Marcação a Mercado

  • A marcação a mercado é uma prática contábil que atualiza diariamente o valor dos ativos conforme os preços praticados no mercado
  • Esse mecanismo foi implementado para trazer transparência e evitar distorções na avaliação de investimentos
  • As oscilações causadas pela marcação a mercado são temporárias para quem mantém investimentos até o vencimento
  • Em cenários de alta de juros, títulos prefixados e de longo prazo tendem a mostrar desvalorização temporária
  • Quando os juros caem, o efeito contrário ocorre, com valorização desses mesmos títulos
  • A marcação a mercado afeta todos os tipos de investimentos, mas é mais visível em fundos de investimento
  • Para objetivos de curto prazo, priorize investimentos menos suscetíveis à volatilidade por marcação a mercado
  • Para objetivos de longo prazo, você pode aceitar maior volatilidade em troca de potenciais retornos superiores
  • Momentos de forte desvalorização por marcação a mercado podem representar oportunidades de compra
  • O conhecimento sobre esse mecanismo ajuda a evitar decisões emocionais e precipitadas em momentos de turbulência no mercado

FAQ – Perguntas Frequentes Sobre Marcação a Mercado

1. O que é marcação a mercado em termos simples?

Marcação a mercado é o processo de atualização diária do valor dos investimentos com base no preço pelo qual eles poderiam ser vendidos no mercado naquele momento. É como uma “fotografia” do valor atual dos seus investimentos, independentemente do preço que você pagou por eles inicialmente. Este método busca refletir o valor real e atual dos ativos, trazendo mais transparência ao mercado financeiro.

2. Por que meus investimentos em renda fixa mostram rentabilidade negativa às vezes?

A rentabilidade negativa temporária em investimentos de renda fixa geralmente ocorre devido à marcação a mercado, especialmente em períodos de alta de juros. Quando as taxas de juros sobem, títulos prefixados ou de longo prazo que foram emitidos anteriormente com taxas menores se desvalorizam momentaneamente. Isso não significa uma perda real se você mantiver o investimento até o vencimento – é apenas uma oscilação contábil que reflete as condições atuais do mercado.

3. A marcação a mercado afeta todos os tipos de investimentos?

Sim, a marcação a mercado afeta todos os investimentos negociáveis no mercado secundário, mas com intensidades diferentes. Fundos de investimento, títulos públicos no Tesouro Direto, CDBs, debêntures e outros títulos de renda fixa passam por esse processo. Investimentos como a poupança não mostram essa marcação explicitamente ao investidor, mas são afetados indiretamente pelas mudanças nas condições econômicas.

4. Se eu mantiver meu título até o vencimento, a marcação a mercado importa?

Para quem mantém títulos até o vencimento, a marcação a mercado é apenas uma questão contábil que não afeta o resultado final. Se você comprou um título que promete pagar determinado valor no vencimento, receberá exatamente esse valor, independentemente das oscilações que ocorreram durante o período. A marcação a mercado só se torna relevante se você precisar vender o título antes do vencimento.

5. Como a marcação a mercado afeta fundos de investimento?

Nos fundos de investimento, a marcação a mercado é obrigatória e afeta diretamente o valor da cota que você vê no seu extrato. Em períodos de alta de juros, fundos com títulos prefixados ou de longo prazo podem apresentar rentabilidade temporariamente negativa. Isso ocorre porque o fundo precisa refletir diariamente o valor pelo qual conseguiria vender seus ativos naquele momento, mesmo que não tenha intenção de vendê-los.

6. Quando a marcação a mercado se tornou obrigatória no Brasil?

A marcação a mercado tornou-se obrigatória para fundos de investimento no Brasil após a Instrução CVM nº 365, publicada em maio de 2002. Esta regulamentação foi implementada como resposta a episódios de volatilidade que causaram perdas inesperadas para muitos investidores naquela época, buscando aumentar a transparência e evitar distorções na avaliação de investimentos.

7. Quais investimentos sofrem menos com a marcação a mercado?

Investimentos de curto prazo e/ou atrelados à taxa Selic/CDI tendem a sofrer menos com os efeitos da marcação a mercado. Alguns exemplos são:
Tesouro Selic
CDBs de curto prazo
Fundos DI conservadores
LFTs (Letras Financeiras do Tesouro)
Esses investimentos são mais adequados para reserva de emergência e objetivos de curto prazo, justamente pela menor volatilidade.

8. Como posso usar a marcação a mercado a meu favor?

Você pode aproveitar os efeitos da marcação a mercado de várias formas:
Comprando títulos prefixados ou de longo prazo durante períodos de alta de juros, quando estão temporariamente desvalorizados
Mantendo aportes regulares em fundos mesmo durante períodos de volatilidade
Utilizando momentos de forte oscilação para rebalancear sua carteira
Mantendo a calma durante quedas temporárias, evitando resgates em momentos inadequados
O conhecimento sobre esse mecanismo permite transformar volatilidade em oportunidade.

9. O que causa oscilações mais fortes na marcação a mercado?

Os principais fatores que intensificam os efeitos da marcação a mercado são:
Mudanças significativas nas taxas de juros da economia
Prazo do título (quanto mais longo, maior a sensibilidade)
Tipo de remuneração (títulos prefixados tendem a oscilar mais que pós-fixados)
Percepção de risco do emissor (para títulos privados)
Condições gerais de liquidez do mercado
Crises econômicas ou instabilidade política

10. A marcação a mercado pode ser suspensa em momentos de crise?

Em situações excepcionais de grande estresse de mercado, reguladores podem permitir flexibilizações temporárias nas regras de marcação a mercado para certos tipos de ativos. Isso ocorreu durante crises financeiras globais, como em 2008. No entanto, estas são exceções que exigem autorização específica dos órgãos reguladores, e não uma prática que possa ser adotada arbitrariamente pelas instituições financeiras.

11. Como saber se um fundo será muito afetado pela marcação a mercado?

Para avaliar o potencial de volatilidade de um fundo devido à marcação a mercado, observe:
A duração média da carteira (quanto maior, mais sensível a mudanças nas taxas de juros)
O percentual de títulos prefixados vs. pós-fixados
O índice de Sharpe e a volatilidade histórica do fundo
A classificação ANBIMA do fundo (fundos “longo prazo” tendem a ser mais voláteis)
As lâminas de informações essenciais e os relatórios mensais dos fundos geralmente trazem estas informações.

12. A marcação a mercado afeta investimentos em outros países também?

Sim, a marcação a mercado é uma prática contábil adotada internacionalmente, seguindo normas como as IFRS (International Financial Reporting Standards). O conceito básico é o mesmo em diferentes países, embora possam existir variações nas regras específicas de implementação conforme as regulações locais. Investimentos internacionais também passam por marcação a mercado, adaptada às peculiaridades de cada mercado.

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